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Buraco negro a "engolir" uma estrela

Buraco negro ‘apanhado’ a engolir uma estrela – os restos da refeição expeliu-os num jato na nossa direção
IN EXPRESSO, 2 DEZEMBRO 2022 13:50

Esta imagem artística ilustra como é que uma estrela que se aproxima demasiado de um buraco negro fica "espremida" pela enorme atração gravitacional deste objeto. Algum do material estelar é puxado e roda em torno do buraco negro, formando o disco que podemos ver nesta imagem. Em alguns casos raros como este, jatos de matéria e radiação são lançados a partir dos pólos do buraco negro

Foto de Eso/M.Kornmesser
O raro e violento evento ocorreu há aproximadamente 9 mil milhões de anos, quando o Universo tinha um terço da sua idade atual e o Sistema Solar ainda nem sequer existia. Só agora a luz emitida pelo jato de plasma e radiação chegou à Terra
Uma invulgar fonte de luz visível, detetada por um telescópio de rastreio em fevereiro deste ano, colocou os astrónomos em alerta. Para investigar e identificar o raro fenómeno, entrou em ação o Very Large Telescope (VLT), do Observatório Europeu do Sul (ESO), rapidamente apontado na direção do misterioso evento

As observações desvendaram que o responsável pela potente emissão de radiação é um buraco negro supermassivo, localizado no centro de uma galáxia muito distante, que ‘engoliu’ uma estrela e disparou os restos da refeição sob a forma de um jato apontado praticamente na nossa direção.
Este é o exemplo mais distante de um evento deste género a ser detetado e recebeu o nome de AT2022cmc. “Até agora observámos apenas uma mão cheia deste tipo de eventos que permanecem, por isso, mal compreendidos e são bastante exóticos”, frisa Nial Tanvir, da Universidade de Leicester, no Reino Unido, que liderou as observações com o VLT para determinar o quão longe está o buraco negro.
E a distância é, literalmente, astronómica: a luz produzida pelo jato de plasma e radiação começou a sua viagem quando o Universo tinha apenas um terço da sua idade atual (13,8 mil milhões de anos). Por outras palavras, isso quer dizer que o buraco negro terá devorado a estrela há aproximadamente 9 mil milhões de anos, quando o Sistema Solar ainda nem sequer existia, mas só agora a luz desse passado ancestral chegou à Terra.
As estrelas que se aproximam demasiado de um buraco negro são sugadas pela enorme força gravitacional – da qual nada consegue escapar, nem mesmo a luz –, sendo destruídas por um fenómeno a que se chama evento de disrupção de maré. Apenas 1% destes violentos banquetes cósmicos dão origem a jatos, ejetados a partir dos polos do buraco negro em rotação.

https://youtu.be/wWmYgPe773s

Pelo facto de o jato apontar na nossa direção, esta é também a primeira vez que tal evento foi detetado no espectro da luz visível, o que abre a porta para uma nova maneira de identificar estes fenómenos extremos.
“Uma vez que o jato relativista aponta na nossa direção, o fenómeno torna-se muito mais brilhante e visível ao longo de um maior domínio de comprimentos de onda do espectro eletromagnético”, explica o astrónomo Giorgos Leloudas, co-autor do estudo publicado na “Nature”.
“Até agora, o pequeno número destes eventos que se conhecia tinha sido inicialmente detetado por telescópios de raios X. Esta foi a primeira descoberta feita durante um rastreio no visível”, enaltece Daniel Perley, astrónomo na Universidade John Moores, em Liverpool, também ele co-autor do estudo.

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